Estimativa do mercado financeiro caiu de 4,9%, registrado semana passada, para 4,84%
A exemplo da semana anterior, na qual havia registrado queda de 4,95% para 4,9%, a estimativa do mercado financeiro para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador considerado a inflação oficial brasileira, caiu novamente, desta vez de 4,9% para 4,84% neste ano. A previsão consta no Boletim Focus, levantamento semanal do BC (Banco Central) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos e divulgado nesta segunda-feira (31).
A projeção de inflação para 2024 também caiu em relação à semana passada, de 3,9% para 3,89%. Já para 2025 a estimativa é a de que fique em 3,5%, número que se repete para 2026. A projeção do mercado financeiro está acima do teto da meta de inflação considerada ideal pelo BC. A meta para este ano, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais, chegando ao limite máximo de 4,75%; ou para menos, atingindo o mínimo de 1,75%.
De acordo com a instituição, a chance de a inflação superar o teto da meta neste ano é de 61%, dado divulgado no último relatório de inflação do BC. A estimativa do mercado financeiro para a inflação no próximo ano também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, porém, ainda dentro da tolerância de 1,5 ponto percentual.
O País havia apresentado deflação em julho, ou seja, queda nos preços dos produtos se comparados com os valores de maio. O IPCA havia ficado negativo em 0,08%, de acordo com informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o resultado, tornou-se o quarto mês consecutivo em que a inflação desacelerou. Em maio, o IPCA havia registrado 0,23%. Em 2023, o indicador totaliza 2,87%. Nos últimos 12 meses, o índice soma 3,16%, inferior aos 3,94% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores e seguindo a tendência de recuo verificada desde junho do ano passado, quando o indicador apontava 11,89%.
JUROS
O BC utiliza a Selic, a taxa básica de juros que norteia a economia do País, como principal instrumento para tentar alcançar a meta de inflação. A Selic foi mantida em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva na última reunião do Copom, no último dia 21 de junho. A taxa está nesse patamar desde agosto de 2022 e é o maior nível desde janeiro de 2017, quando também apresentava esse nível.
A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e também como referência para as demais tarifas aplicadas na economia do País. As consequências da alta imposta pelo BC são sentidas no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia, entre outros fatores. Porque, quando há a manutenção da taxa alta, com objetivo de conter a demanda aquecida, há reflexo nos preços dos produtos porque juros nas alturas tornam caro o crédito e estimulam a poupança. Ou seja, quanto menos crédito, menos consumo.
Quanto menos consumo, menos produção. E quanto menos produção, maiores os riscos de aumento no número de desempregados, entre outros malefícios. Já com taxa mais baixa o crédito tem tendência de ficar mais barato, o que cria incentivo ao consumo e à produção, diminuindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Especialistas no assunto são unânimes na análise de que não há motivos para manutenção da alta da Selic. Eles defendem pressão à instituição para que inicie ciclo de queda da taxa. A próxima reunião para definição da taxa está marcada para os próximos dias 1º e 2 de agosto. Para o mercado financeiro, com a inflação em queda, a expectativa é a de que haja redução de ao menos 0,25 ponto percentual, caindo de 13,75% para 13,5% ao ano.
A projeção do mercado aponta que ela termine o ano em 12%. Já para 2024, a previsão é de que a taxa recue e termine o ano em 9,25%. Já para 2025, a estimativa é a de que a Selic termine o ano em 8,75%. E, para 2026, em 8,5% ao ano.
O Boletim Focus engloba as estimativas de cerca de 100 instituições do mercado financeiro para os principais índices econômicos brasileiros. Para o próximo ano, os especialistas reduziram a estimativa de inflação para 3,92%. Na semana passada, a eram estimados 3,98%. Há cinco semanas, a estimativa era a de que o indicador fechasse 2024 em 4,12%. A projeção é a de que fique em 3,6% para 2025.
A estimativa das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano ficou em 2,24%, mesma do boletim da última semana. Já quando o assunto é o PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma de todas as riquezas produzidas no País, a expectativa é de crescimento de 1,3%. Para 2025, o mercado financeiro estima expansão de 1,9%, e, para 2026, de 1,97%.
Por fim, em relação ao câmbio, a previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar está em R$ 4,91 para o fim deste ano. Já para o fim de 2024, a estimativa é a de que a moeda norte-americana fique em R$ 5.