Avaliado em R$ 260 milhões, imóvel pode ir a leilão para pagar dívidas com aluguéis não pagos pela igreja
A Justiça de São Paulo determinou a penhora de um templo da Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada em 1998 pelo apóstolo Valdemiro Santiago. O imóvel fica no município de Santo Amaro, na Região Metropolitana de São Paulo, e está avaliado em R$ 260 milhões.
O templo penhorado, inaugurado por Valdemiro em 2014 e atualmente desocupado, tem capacidade para 20 mil pessoas e é considerado um dos maiores do Brasil, com 46,9 mil metros quadrados de área construída.
A penhora é consequência de um processo no qual a denominação é condenada por dívida não paga de aproximadamente R$ 880 mil em aluguel de um de seus templos em Ubatuba, no Litoral paulista, já incluídos no valor juros, multa e correções monetárias. O imóvel, de uma professora, havia sido alugado pela igreja em 2009. Em outubro de 2017, no entanto, a Mundial parou de efetuar os pagamentos do valor combinado.
Na defesa apresentada no processo judicial, a Mundial não nega que está devendo, mas disse que é organização religiosa “sem fins lucrativos, que se mantém exclusivamente por meio de dízimos e doações”. Acrescentou que seu “caixa é volátil por natureza, uma vez que os dízimos e contribuições seguem a liberalidade dos fiéis, sendo de natureza voluntária e esporádica”. E finalizou dizendo que suas despesas consomem de forma integral sua renda, e que, em razão de uma “dívida astronômica”, é alvo de mais de 1.000 ações na Justiça.
Em crise financeira, a Mundial não pode mais recorrer da decisão, já que foi derrotada também em segunda instância. Mas pode questionar os valores da dívida após as correções.
OUTRA PENHORA

A Igreja Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago, já havia sido condenada em outra ocasião. Foi em março, quando teve a penhora dos dízimos dados pelos fiéis da sede em Ubatuba. Mas a decisão foi revogada após a alegação de que a Mundial passava por baixa frequência, o que ocasionava também a baixa arrecadação.
O valor do templo que foi penhorado, e que agora pode ir a leilão, foi estimado por uma empresa de engenharia contratada pela própria igreja. Ele já havia sido penhorado, decisão que a igreja conseguiu reverter fazendo acordo com os credores.
A igreja alega nos processos que é “público e notório” que está passando por dificuldades financeiras, “principalmente pelo longo período de pandemia”. “Todas as igrejas do Brasil foram compelidas a fechar as portas”, disse `Justiça a defesa da igreja. “Sem a realização de atividades religiosas, houve uma drástica diminuição da arrecadação, uma vez que os fiéis restaram impedidos de frequentar os templos”, encerra a defesa no processo.